Ainda as pessoas

Se calhar lembram-se que, há uns anos atrás, falei muito aqui de pessoas. A vida estava cheia de pessoas novas. Cada dia uma descoberta.
Isto das pessoas não é assim muito linear. Convenhamos, é fácil conhecer gente e fazer amigos no Liceu e na Faculdade. Crescemos juntos. Os mundos são mais ou menos semelhantes. Somos curiosos. Queremos sempre conhecer mais alguém.
Depois, esta sofreguidão abranda. Se calhar não para todos. Mas comigo aconteceu. De vez em quando, muito de vez em quando, a vida oferece uma pessoa nova. Um amigo novo. Angola deu-me alguns que vão ficar para sempre. Encontrados nos lugares e situações mais estranhas e quando menos esperamos. Mas às vezes os meses passam. Ficamos pelos lugares do costume. Com as pessoas do costume. Pessoas que nos conhecem, que nos fazem falta, de que precisamos muito. E os meses viram anos. E de repente percebemos... bolas, não conheci uma pessoa nova em tanto tempo. 2013 foi assim... Cheio de gente nova no trabalho. Mas esses, por mais que goste deles, são trabalho. As ligações e os objectivos são focados e eu não tenho jeito para transformar essas pessoas em amigos (há raras e honrosas excepções, é verdade). Mas preciso separar as águas e separar as vidas. Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque.
Decisão dos últimos tempos: trazer para a minha vida mais gente. Conhecer gente. Podem sair na rifa parvalhões ou pode sair gente fantástica! Ou se calhar não tão fantástica, mas terá certamente coisas diferentes para dizer, uma maneira diferente de ver a vida. Uma vida diferente para partilhar. Perguntas e inquietações diferentes das minhas. Às vezes é preciso ultrapassar a preguiça. Mas depois, compensa largamente. O mundo alarga. Somos questionados. É preciso pensar para responder às perguntas. É preciso voltar a colocar as ideias no lugar porque quem ouve, vai ouvir pela primeira vez. Vai ser preciso explicar. E do meu lado, é preciso ouvir. OUVIR. Perceber. Ver onde leva tudo aquilo e como é aquele mundo. Ver que mundo é aquele. Ver e ouvir a cidade com outros olhos. O país. A vida. Outras vidas. Outras Lisboas ou outras cidades.
Palavra que gosto destas descobertas. Acho que nem me tinha dado verdadeiramente conta da falta que me andava a fazer gente nova na vida! Vão ficar? Não sei. Honestamente, não estou preocupada.

Comentários

tasjaber disse…
Como te compreendo.